sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A construção do conhecimento em crianças de educação infantil





Esta investigação procura fortalecer e simultaneamente avançar na construção de possibilidades de pesquisa, de olhar, escutar, sentir e legitimar as falas das crianças, que extrapolam o brincar sobre as diferentes dimensões do educar e cuidar que envolvem a infância nas instituições de Educação Infantil.
As crianças precisam ocupar seu tempo com atividades que desenvolvam seu cognitivo motor e social. Na educação infantil, muito mais, pois para muitos, é o primeiro contato da sociedade, até então acostumados somente com sua família. É um universo social complexo e o equilíbrio das relações é fundamental, bem com a qualidade das trocas e a definição dos papeis.
A relação adulto/criança, em particular, não pode ser natural ou casual e precisa ser considerada e prevista. O adulto é figura significativa e crucial, ponto de referencia, e precisa ser interlocutor ativo.
É fundamental a elaboração de um projeto pedagógico que contemple a concepção de educação infantil, de criança e de seu desenvolvimento, dando atenção especial quanto á escolha dos instrumentos da ação educativa, dos projetos a serem desenvolvidos, dos jogos e materiais lúdicos/didáticos, e quanto às relações interpessoais.
Vejamos alguns indicadores que se apresentam em uma programação educativa:
Permanência e mudança
Privacidade e sociabilidade
Seqüencialidade e imprevisibilidade
Ação e formalização/simbolização
Consideram-se como atividades de aprendizagem aquelas que favorecem o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. Portanto, todas as atividades realizadas na escola são atividades de aprendizagem, inclusive as ações de rotina.
Em qualquer escola deveríamos poder encontrar:
· Momentos livres (de jogos, de descanso, de passeio).
· Momentos curtos: com atividades coletivas (rodas cantadas, contos, teatro).
· Momentos de jogos motores e de motricidade global: educação física livre ou com material
· Momentos de atividades dirigidas: projetos, oficinas que trabalhem habilidades manipulativas, linguagem, e conteúdos da área do contexto.
· Momentos tranqüilos (quando chegam, acordam ou jogam).
A educação da criança envolve simultaneamente dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar.
O trabalho com projetos tem como objetivo ajudar as crianças a encontrarem um sentido mais profundo e completo dos acontecimentos do seu próprio ambiente e das experiências que mereçam a sua atenção.
Acredita-se que o trabalho com projetos reforça na criança a sua auto-estima, uma vez que ela passa a acreditar na sua capacidade de pensar, concluir e criar, além de estimular o seu desejo de aprender cada vez mais.
O trabalho do professor é estar sempre atento, observando cada etapa, e deve ser capaz de avaliar permanentemente o processo, estando sempre aberto à possibilidade de reestruturação do trabalho proposto.
O que é importante nós sabermos é que a idéia escolhida deve mobilizar o interesse do grupo como um todo. Tanto as crianças quanto os professores devem sentir-se atraídos pela questão. Planejar é um instrumento para ordenar e organizar um ensino de qualidade que envolve coordenação, professores, funcionários, pais e alunos. Fazer com que todos se sintam responsáveis no processo de realização e da avaliação.
Trabalhando a interdisciplinaridade:
Música:
Gardner (2002) define que a primeira inteligência humana demonstrada na vida social é a inteligência musical, pois, ao sairmos do útero materno, descobrimos o mundo pelo sons do ambiente em que vivemos, pela voz da mãe e demais familiares. Em função disso, a educação usa a música como estimulo ao desenvolvimento de várias habilidades e competências humanas.
Ao cantar em grupos, por exemplo, as crianças compartilham sua energia, sua expressão, sua espontaneidade e sua alegria. O ato de cantar ou reproduzir sons com instrumentos, coletivamente, potencializa a integração do ritmo às habilidades psicomotoras individuais, assim, como promove a sociabilidade.
Toda ação musical (cantar, bater palmas com ritmos ou produzir sons por meio de instrumento improvisados e sucatas) colabora para o desenvolvimento infantil. São praticas muito simples, porém de grande valor, pois possibilita a descoberta do ritmo e o exercício da coordenação motora.
Teatro:

O teatro na educação abrange a utilização de determinadas técnicas de exercício dramático para que crianças possam ter um conhecimento mais amplo de si mesmos e do mundo que os cerca. Ele é um veiculo de auto-expressão espontânea que desenvolve a acuidade espaço-sensorial e o trabalho motor, estimula a curiosidade, fortalece o espírito de equipe, e, conseqüentemente, a identidade do aluno como ser social.
Teatro na educação é educar divertindo
Teatro infantil é divertir educando.
A dramatização com movimentos expressivos e mímica abrange as relações entre expressão corporal e imaginação. Sendo assim, colabora para o desenvolvimento psicomotor.
Reciclagem e meio ambiente

No século XXI, a Educação deve favorecer a sustentabilidade da Vida no Planeta, portanto, o conhecimento só faz sentido se for aplicado em beneficio do ecossistema na qual fazemos parte. Sabemos que, até hoje, a fragmentação do conhecimento apenas levou o homem à fragmentação do conhecimento da própria vida. Como ele só aprendeu a cuidar das partes sem a visão do todo, somente uma base educacional transdisciplinar é capaz de convocar todos os educadores e educandos para um olhar global, cuidadoso e responsável, para a sustentabilidade da vida.
Fazer emergir a consciência de que somos apenas uma partícula no universo e que temos a responsabilidade que temos pela vida do Planeta.

Educação física (jogos, lazer e recreação).

O jogo é muito importante porque promove a aprendizagem, seja ela informal ou formal. O jogo, o brincar e a brincadeira acontecem dentro e fora da escola.
Quando propomos jogos, alem dos objetivos cognitivos a serem alcançados, esperamos que as crianças sejam capazes de:
Respeitar limites;
Socializar-se;
Criar e explorar a criatividade;
Interagir;
Aprender a pesquisar,
Aprender a aprender.
Celso Antunes afirma que devemos falar de jogos que atribuam um estimulo ao crescimento, ao desenvolvimento cognitivo, aos desafios ao viver, e não de jogos que promovam a competição entre pessoas, que levam somente a derrota e vitória: “em outras palavras, todo jogo pode ser usado para muitas crianças, mas sobre a inteligência será sempre pessoal e impossível de ser generalizada”.
As crianças, e as crianças dentro de nós, preferem aprender pela excitação da descoberta e da participação.

Hora do conto

A infância é a fase que mais caracteriza a criatividade pura e a imaginação, é importante pais e professores estarem atentos aos meios de comunicação que sejam mais adequados. Numa época em que a Internet, o rádio, a televisão e o cinema são tão freqüentes e expressam os valores de uma sociedade capitalista e utilitarista, faz-se necessário retomar uma literatura herdada de povos seculares e que atravessou os anos.
A literatura nada mais é do que uma fonte saudável de alimentação à imaginação infantil. A palavra tem sua beleza própria, mas somente reconhece quem sabe usá-la:
... Identificação, pelo prazer que toda leitura com pretensões a ser de algum proveito deve provocar na alma da criança, para alem de qualquer simplismo de expressão, ou do puro retrato físico de uma modalidade de ser e de sentir, que a criança permanentemente luta por transcender. (JESUALDO, 1978, P. 30).
As histórias infantis podem, assim, trabalhar na formação moral, social e literária, estabelecendo uma intima relação entre o “segundo mundo”, o qual todas as crianças apresentam em seus momentos particulares, e a transposição de real.

Que tipo de crianças procuramos formar com este projeto?

Queremos uma criança capaz de se auto-regular dinamicamente e de sentir, processar e gerar respostas a informações afetiva e cognitiva que recupera e recebe do ambiente, que graças a sua vitalidade e curiosidade se constrói e descobre a si mesma: seu corpo, movimentos, expressões e emoções, seus pensamentos e afetos. Desejamos uma criança que seja formada a partir dos seus interesses e potencialidades, segundo seu ritmo pessoal de aprendizagem, através do jogo, da arte e da exploração do seu ambiente.
Desenvolver um trabalho, respeitando cada etapa de seu desenvolvimento.
Segundo Bernard Shan (1856 a 1950), “a escola é um edifício com quatro paredes e o amanhã dentro dele”.
Ela deve ser um local de afetividade, que apresenta sua existência nos rostos, nas mãos e nas palavras de cada criança e de cada educador, que almeja, politicamente, uma sociedade mais justa.
Queremos resgatar a auto-estima dos educadores, pais e funcionários, fazendo com que se tornem mais participativos e sintam-se importantes para o andamento da escola.
Dentro deste projeto, criar um site da escola, onde seja exposto trabalhos, informativos, informações que ajudem a divulgar nossa instituição enquanto escola, facilitando a comunicação dos pais/escola, comunidade/escola, até nas questões de parcerias, convênios e doações. Uma ferramenta a mais no desenvolvimento de nosso trabalho pedagógico.
Filosofia
O contexto do mundo atual impõe um grande desafio aos educadores: a formação de pessoas com as habilidades necessárias para transformar informação em conhecimento e conhecimento em ações conseqüentes. A velocidade com que são produzidas e repassadas as informações exigem uma forma mais elaborada de apreensão, possibilitando, assim, relacioná-las e delas extrair tudo aquilo que está implícito. Além disso, os indivíduos desta sociedade em rápida transformação terão êxito e serão atuantes na medida em que conseguirem interagir autonomamente com o meio em que vivem.
Neste sentido, uma vez mais, a Educação tem papel de destaque na formação deste novo indivíduo. A simples transmissão de informações produzidas ao longo da história já não basta. Cabe à Educação, agora, dar os instrumentos necessários para que, a partir do que já foi construído, as pessoas possam elaborar novos conhecimentos, desenvolver seu potencial criativo, enfrentar novos desafios, relacionar as informações e tirar suas próprias conclusões.
Diante desse panorama, o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças salienta a necessidade de se aprender a pensar melhor e a pensar por si mesmo. Quando a Filosofia é ensinada através do diálogo investigativo, como é proposto no Programa de Filosofia para Crianças e, especialmente, quando os estudantes ainda são crianças, a tendência é que eles saiam de seus cursos mais críticos, mais criativos e mais sensíveis ao contexto em que vivem.
A experiência tem nos mostrado que crianças e adolescentes que estão expostos a esse Programa desenvolvem: maior autonomia de pensamento, uma percepção ética mais aguçada, autocorreção, respeito por pensamentos diferentes do seu, respeito à opinião de outras pessoas, capacidade de dar boas razões para seus argumentos, entre outras habilidades.
Principais objetivos
O Programa Filosofia para Crianças - Educação para o Pensar é um programa educacional que visa três objetivos intercomplementares:
Iniciação filosófica de crianças e jovens;
Educação para o pensar;
Preparação para uma cidadania responsável:
A participação produtiva numa pequena comunidade de investigação exige comportamentos e atitudes de cooperação, respeito mútuo, interesse por objetivos comuns, avaliação crítica, que são, dentre outros, elementos importantes para o exercício democrático na sociedade. A ocupação dos espaços da cidadania requer das pessoas tais comportamentos e atitudes que podem decorrer ou ser reforçados quando se aprende desde cedo:
A respeitar os pontos de vista dos outros;
Que o próprio ponto de vista tem o mesmo valor e peso do dos outros;
A respeitar a vez dos outros e a exigir respeito pela própria vez;
A respeitar regras combinadas;
Que as regras podem ser discutidas e modificadas, mas que são necessárias para a vida em comum;
Que todos somos iguais;
Que todos somos igualmente dignos de respeito.
Tais aprendizados são elementos éticos necessários às relações sociais e o domínio dos mesmos, só é possível, no seu exercício prático acompanhado da atenção intelectual que o examina cuidadosamente.
Tudo o que é feito é pensado e repensado crítica e criativamente possibilitando pesar (ponderar) justificativas, motivos e possíveis conseqüências. Quando se pondera, responde-se: torna-se responsável.
Realizar este exercício, nas pequenas comunidades de investigação com crianças e jovens, pode ensejar a sua continuação na vida adulta.
Preparação para uma cidadania responsável.
Avaliação:
A avaliação é um ato de conhecimento e de reconhecimento de valores e tem como base a subjetividade. Portanto não existe uma única de avaliar.
Para que a avaliação se torne acreditável o máximo possível, pode-se definir alguns critérios: autoconsciência, saber ouvir o outro, observar, solicitar colaboração da criança, deixar claro as intenções, estar atento sobre o perigo dos instrumentos e o equivoco das mensurações.
Sugiro aqui na avaliação uma construção de um fascículo histórico pessoal de cada criança, uma linha documentada do percurso seguido pela criança na formação de sua identidade pessoal e cultural, um retrato da sua qualidade, das suas competências e das suas potencialidades.
Para concluir meu pensamento sobre a construção do pensamento da criança, deixo a poesia de Pedro Bandeira:
Porque me perguntam tanto,
O que vou ser quando crescer?
O que eles pensam de mim
É o que eu queria saber!
Gente grande é engraçada!
O que eles querem dizer?
Pensam que eu não sou nada?
Só vou ser quando crescer?
Que não me venham com essa,
Pra não perder o latim.
Eu sou um monte de coisas
E tenho muito orgulho de mim!
Essa pergunta de adulto
É a mais chata que há!
Por que só quando crescer?
Não vou esperar até lá!
Eu vou ser o que já sou
Neste momento presente!
Vou continuar sendo eu!
Vou continuar sendo gente!

Pedro Bandeira





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