Um pouco de meu trabalho pedagógico. A educação é projeto ,e,mais do que isto,encontro de projetos;encontro muitas vezes difícil,conflitante,angustiante mesmo;todavia altamente provocativo,desafiador,e,porque não dizer,prazeroso,realizador. Celso Vasconcellos
sexta-feira, 26 de março de 2010
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E OFICINAS PSICOPEDAGOGICAS: UMA PARCERIA POSSIVEL PARA O PROCESSO DE ENSINAR E APRENDER
Patricia Leuck –
Vários podem ser os motivos pelos quais a escola moderna não estar mais correspondendo às formas atuais de organização social. Mas aqui enfocaremos para este, que é atualmente o mais preocupante na atualidade, a evasão escolar.
Em 2007, o Brasil ficou em 76º lugar no ranking da educação Básica, atrás de até mesmo paises menos desenvolvidos. Isso nos leva a uma interrogação: Nossos alunos estão aprendendo de fato? O Ensino no Brasil de fato ocorre?
Grande parte dos alunos do Ensino Fundamental em geral adolescentes, não gostam de ir à escola, pois, se sentem excluídos ou desinteressados. Estatísticas indicam que de 15 a 30 % das crianças em idade escolar sofrem com alguma dificuldade acadêmica. 15% são disléxicas, gerando o terrível problema de reprovação, o sentimento de rejeição e impotência e conseqüentemente a evasão escolar.
A escola busca arduamente buscar respostas à cerca do fracasso escolar e desses alunos que não aprendem, onde Annete Abramowicz (1995, p.29) responde de uma forma bem fundamentada:
Para compreender quem é o repetente, é preciso que se responda algumas questões: Qual é a concepção de linguagem e aprendizagem existente na escola? Quem é aprendiz na percepção dos professores, com quem elas falam enquanto ensinam? O que ensina a professora e o que aprende o aluno?Que tipo de aprendiz é este, que repete no seu processo de aprendizagem, portanto, quem é o repetente do ponto de vista da escola e do aluno?
Daqui para adiante iremos distinguir dificuldades de aprendizagem e evasão escolar. Geralmente há algum tipo de deficiência ou necessidade educacional especifica comprometendo o desempenho escolar e pode causar o fracasso escolar. Já o fracasso escolar reúne uma série de conjunções, interagindo, mobilizando o desenvolvimento do educando e do sistema familiar/escolar/social no qual esta inserida.
Na mesma linha, Fernandez (2001, p.31) reflete:
Um fracasso escolar pode diferenciar-se de um problema de aprendizagem, analisando a modalidade de aprendizagem do aprendente em sua relação com a modalidade de aprendizagem do ensinante da escola. Nas situações de fracasso escolar, a modalidade de aprendizagem do sujeito não se torna patológica: quando se constitui um problema de aprendizagem.
Assim ao discutirmos estes problemáticas educativas, no remete a um consenso geral de autores da educação de que as atividades lúdicas são fundamentais a formação dos jovens e crianças e verdadeiras facilitadoras dos relacionamentos e das vivencias dentro da sala de aula.
Brincar, jogar, relacionar, viver, simular, imaginar e aprender.
Celso Antunes afirma que devemos falar em jogos que atribuam um estimulo ao crescimento, ao desenvolvimento cognitivo, aos desafios ao viver, e não de jogos que promovam a competição entre pessoas, que levam somente a derrota e vitória: “em outras palavras, todo jogo pode ser para muitas crianças, mas sobre a inteligência será sempre pessoal e impossível de ser generalizada”. (ANTUNES, 1998).
Aqui chego em nosso titulo: psicopedagogia institucional e oficinas psicopedagógicas...”, julgo de extrema importância, e ao mesmo tempo lastimo por não ser assim; todas as instituições de ensino usufruírem desta ferramenta importantíssima que são as oficinas psicopedagógicas”.
As oficinas proporcionam momentos de reflexão que mudam o olhar para este aluno, e dele, para com sua dificuldade de aprendizagem. Ele exterioriza seus medos, suas dificuldades de uma forma sutil, sem agredir suas emoções e nos possibilita obter uma visão a qual dentro de sala de aula não conseguimos enxergar.
E para defender minha teoria sobre esta importância cito Winnicott:
É no brincar, somente no brincar, que o individuo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, e é somente sendo criativo que o individuo descobre o seu eu. (WINNICOTT, 1975, p.80).
As crianças ao brincarem utilizam todo seu cognitivo e emocional. Criam personagens em suas brincadeiras, dão asas à imaginação, interagem com o meio o qual vivem, e estravasam seus medos e frustrações através do que brincam. Brincar para criança é coisa séria.
Passam a entender seu meio, as regras socias, aprendem a ter limites e respeitar o próximo e ao seu meio ambiente.
Explorando a criatividade, o mundo que a cerca, a criança estará formando sua personalidade movida de autoconfiança, criticidade e espírito coletivo.
Assim é quando brincam de casinha, representam os papeis dos adultos que convivem expressando seus medos, frustrações nos seus personagens ou em suas bonecas. Cuidemos como as meninas cuidam de seus bebês para percebermos como são tratadas.
Dentro deste trabalho podemos trabalhar com brincadeiras, jogos, teatro, musica e arte. Depende de nós psicopedagogos saber o que queremos despertar e para que.
1- BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
O brincar na educação, propicia vínculos entre educando e educador,
Funciona como vivencia ou simulação de experiências e conteúdos, nos aproximando do universo dos alunos. A brincadeira resgata o prazer, a alegria, o poder de imaginar e criar. Faz com que a criança encare seus medos.
Brincar não tem idade, seja criança, adolescente, adulto ou idoso precisa reencontrar-se na brincadeira, aflorar seus sentimentos, conflitos e inseguranças.
É através do brincar que a criança expressa suas emoções, sua linguagem corporal e oral, explora, interage e representa o seu meio . Também é através do brincar que desenvolverá a socialização, entendendo o seu papel social e a dependência que temos do outro.
Assim, ela se formará socialmente e plenamente como ser humano emocionalmente saudável. Concordo com Wallon. Cabe a nós educadores e pais estimular estas emoções constantemente, fazê-los analisar varias possibilidades de enxergar seu mundo, de expressar suas emoções, de confrontar com o que a incomoda. A criança que recebe estímulos tem uma percepção muito mais abrangente de si própria e do outro. Ela precisa de seu corpo e mente libertos para novas descobertas
Nós seres humanos em geral, não só as crianças, sempre estamos nos espelhando em alguém, porém as crianças ainda não estão com sua identidade estruturada. Aqui, temos a missão de darmos bons exemplos para serem espelhados. Crianças reproduzem tudo o que vivenciam, cabe a nós mostrar-lhes o que é saudável para si e para sua convivência social.
Mas devemos ter em mente todo cuidado ao escolher os brinquedos aos quais iremos trabalhar, precisamos ter absoluta segurança de acordo com faixa etária, selo IMETRO, objetivo especifico da brincadeira ou do brinquedo.
2- JOGOS
O jogo é visto como facilitador da estruturação da personalidade e dos processos
Cognitivos, e vem sendo estudado por profissionais das áreas da saúde e da educação.
Nos jogos trabalhamos com regras e limites, erros, soluções problemas, com a.
Atenção criamos estratégias. Uma série de fatores fundamentais à estruturação da aprendizagem.
Dohme afirma que os jogos são de fonte de diversão, mas que também propiciam.
Situações educativas. Diz, ainda, que para a criança o jogo é um fim, pois ela joga por prazer; para o educador, é um meio, que possibilita a vivência dessas situações educativas, cabendo então a ele a escolha dos jogos em função daquilo que se necessita trabalhar.
Há varias classificações para os jogos. Julgo colocar que cabe a cada psicopedagogo
Pesquisar e escolher o que melhor se atribui a necessidade de seus educandos.
3- TEATRO. MUSICA E ARTE
A expressão corporal e emocional é a maior aliada para sanar dificuldades de
Aprendizagem. È aqui que a criança, adolescente, adulto ou idoso se liberta, se reconstrói.
Não podemos deixar de trabalhar em nossas oficinas psicopedagógicas este
Trabalho de expressão, que segundo Teresa Arribas et al cita... O corpo é um instrumento que permite realizar os processos básicos de adaptação ao meio exterior e é o canal de comunicação com os demais seres humanos.
Ao se trabalhar com arte, teatro e música, estaremos estimulando a criatividade e a imaginação: desenvolvendo o pensamento critico; explorando novas formas de expressão; possibilitando o autoconhecimento; desenvolvendo o interesse e a concentração, melhorando o desempenho escolar; auxiliando no tratamento de distúrbios de aprendizagem; lidando com preconceitos e estimulando a cooperação e o companheirismo entre alunos.
Ao se trabalhar com os pais, a oficina oferece a oportunidade de se discutir: a importância da participação dos pais ou responsáveis nos processos escolares. O papel da família no equilíbrio da criança; como lidar com o stress na vida cotidiana e como auxiliar seu filho a lidar com os desafios da vida.
Wallon (1951) coloca a relação afetiva no centro do processo de desenvolvimento
Do caráter e da inteligência da criança. Propondo uma estreita relação entre tono pastoral e tono emocional, e considerando a emoção elemento de ligação entre o orgânico e o social, elabora uma teoria do desenvolvimento que concebe a criança, desde o seu nascimento, como um ser em sociedade. Sendo assim, para este autor, a estruturação do caráter e da inteligência depende, fundamentalmente, das relações estabelecidas entre criança e seus pares.
Aqui também trabalhamos as consciências fonológicas, que é a habilidade de dividir palavras em segmentos separados da fala, percebendo-as como uma seqüência de fonemas. È a reflexão explicita sobre a estrutura sonora das palavras faladas; que pode ser segmentada em palavras, em silaba e as silaba e em fonemas e, que podemos repeti-las em diferentes palavras faladas.
Para que ocorra uma eficácia na alfabetização, a criança precisa desta estruturação bem distinta: rimas e aliterações, consciência das palavras, consciência silábica e consciência fonética.
“Alfabetizar não é apenas ensinar a ver o encontro das letras, mas aprender a ouvir os sons dos símbolos gráficos”.
Algumas atividades como trabalhar prefixos e sufixos, soletrando, ditado fonético auxiliam para a interpretação conceitual que a criança fará da consciência fonológica e semântica. E isto esta bem explicito em interpretações teatrais, brincadeiras com fantoches, na música, enfim em toda expressão oral.
A escola é um espaço fundamental na construção da identidade do individuo, pois atua de forma importante na formação de valores e princípios que irão nortear a vida de seus alunos. Contudo, isso só será possível se houver um ambiente propicio a interação entre profissionais da educação, alunos e responsáveis. Com isso as oficinas aulixiam nesta nova forma de enxergar à qualidade no processo ensino aprendizagem: integração entre objetivos da escola, as necessidades dos alunos, a atuação dos educadores e expectativas dos pais, atuando na transformação de seus alunos e filhos em indivíduos conscientes, críticos e atuantes, que possam colaborar na conquista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância de uma Educação mais abrangente faz com que procuremos novas saídas para suprir as carências encontradas nas intuições de ensino. Propor atividades criativas como uma das saídas viáveis para uma maior integração entre as áreas a fins e para desenvolver valências esquecidas na aprendizagem...
Encerro aqui com uma mensagem que resume toda importância do brincar: “... Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos, por favor, não diga que estou apenas brincando; porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas”.
Quando estou me fantasiando, arrumando a mesa e cuidando das bonecas, por favor, não me deixe ouvir você dizer: ele está apenas brincando. Porque enquanto eu brinco, eu aprendo. Eu posso ser pai ou mãe algum dia.
Quando estou pintando até os cotovelos, ou modelando argila, estou expressando e criando. Quando estou entretido com um quebra cabeça ou com algum brinquedo na escola, não sinta que é tempo perdido, porque estou aprendendo... Hoje sou uma criança e meu trabalho é brincar! (extraído de um vídeo “brincar e coisa séria” do you tube).
Temos urgentemente que resgatar nossa infância, nossa juventude, acabar com a evasão e fracasso escolar. Quem pode nos auxiliar? Todos! Psicopedagogia institucional, instituição, educadores, alunos e pais, engajados nesta luta pela mudança, por buscas de ferramentas com as oficinas psicopedagógicas tornando nossos alunos, educadores e pais sujeitos/autores pensantes.
BIBLIOGRAFIA
HAETINGER, G. A. – Ludicidade e psicomotricidade. Curitiba: IESDE Brasil AS; 2007.
HAETINGER. G.A. – Jogos, Recreação e Lazer. Curitiba: IESDE Brasil, 2006.
COUTINHO. D.K. Pesquisa: o aluno da Educação Infantil e dos Anos Iniciais. Curitiba: IESDE Brasil S.A; 2007.
GRASSI. M.T. Oficinas Psicopedagógicas . Ed. Ver e atual – Curitiba; Ibpex, 2008.
COUTINHO, V. Arteterapia com crianças. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2009.
OLIVER. L. Psicopedagogia e arteterapia. 2ª ed. Rio de janeiro: Wak Ed. 2008.
www.youtube.com.br
Postado por
pedagoga/Psicopedagoga Patricia Leuck; Psicóloga Juliana Carvalho Reis; Musicoterapeuta Nicole Ferrari
às
13:40
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